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Janeiro Branco: psicóloga alerta sobre cuidados com a saúde mental


às 14h08
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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o segundo País com maior número de depressivos nas Américas, com 5,8% da população, ficando atrás somente dos Estados Unidos, com 5,9% de depressivos.  Já a ansiedade afeta 18,6 milhões de brasileiros. Os transtornos mentais são responsáveis por mais de um terço do número total de incapacidades. A campanha Janeiro Branco, que alerta sobre a necessidade de cuidar da saúde mental, traz serviços como das áreas de Psicologia e Psiquiatria, como essenciais na atualidade. A Psicóloga e Professora da Faculdade São Luís de França, Marcela Teti, dá um panorama sobre quais avanços a área traz no cenário acadêmico e clínico, além dos tratamentos disponíveis em Sergipe. Confira:

1 – A saúde mental vem ganhando cada dia mais importância. Como você analisa o cenário?
*Resposta*: A saúde mental vem ganhando destaque porque nosso sistema de produção mudou nos últimos 60 anos. Com o desenvolvimento dos meios de transporte, da tecnologia, criação da internet, aumento dos intercâmbios culturais e democratização da produção, a mercadoria deixou de ser produzida por mão-de-obra física, para ser produzida por mão-de-obra intelectual. Não basta mais oferecer produto igual para todo mundo, mas sim, produto específico que traga uma experiência distinta de outro produto semelhante. Esta especialização da produção implica trabalho mental e em grande escala. Consequentemente, o cérebro cansa e desenvolve doenças mentais. Os acidentes de trabalho físicos, cedem lugar para acidentes de trabalho mentais. Assim, passa a ser urgente desenvolver técnicas de saúde mental para cuidar de nossa principal ferramenta de trabalho atual.
2 – Como a Psicologia vem se atualizando, na academia e consultórios, para acompanhar tal demanda?
*Resposta*: Aqui em Sergipe, as técnicas e terapias voltadas para a cognição estão ganhando espaço. Há 15 ou 20 anos, a Psicanálise e o Psicodrama eram majoritárias como estratégias psicoterápicas, pois o que estava em cheque nos consultórios eram traumas de infância, repressões físicas, familiares ou de religião. Nos últimos 5 anos, as abordagens cognitivas entram em campo para sinalizar que os problemas atuais têm relação direta com a necessidade de fazer diferente. Não é mais o caso de pai e mãe deixarem o filho traumatizado. Mas sim, “o que me ensinaram, o que eu vivi não me ajuda a entender o mundo atual”. Assim, a clínica e a psicoterapia surgem para propor formas de perceber a vida de maneira diferente, do que se viveu no passado, a fim de criar novas formas de vida mais saudáveis. Formas que melhorem a interação social, diminuam o medo do novo e desenvolvam inteligência emocional.

3 – Poderia nos contar como o Centro de Apoio Psicossocial (CAP) vem atuando na comunidade?
*Resposta*: O CAP se propõe a entender qual o problema é o contexto onde se desenvolveu. Se propõe também a identificar os comportamentos e atitudes relacionadas à vivência e percepção do problema. Quando é possível, buscamos amenizar ou anular o agente estressor, dialogando com equipe de professores, coordenadores e gestora, sempre bastante receptiva às causas de saúde mental. Em seguida, passa a ser importante propor habilidades de interação social, socioemocionais, propondo ações específicas a fim de que os alunos ou mesmo a comunidade externa se expliquem de forma empoderada, diante do problema. Caso notemos que os casos são mais graves que estes descritos, encaminhamos aos procedimentos com psicoterapeuta ou psiquiátrico mais adequado. Buscamos também identificar se o sofrimento de uma pessoa, abarca mais gente dentro da instituição. Quando isso acontece, propomos novas práticas institucionais a fim de produzir qualidade de vida discente e docente.

 recomendações você traz, nesta campanha Janeiro Branco, para cuidados com a saúde mental?
*Resposta*: Para este ano de 2021, propomos a aceitação ao cenário da Pandemia do Coronavírus. É importante entender que estamos diante de um cenário inovador e que estamos todos improvisando. É importante não se julgar muito e ser menos crítico com relação à produtividade. Todos estamos afetados pela incerteza e precisamos desenvolver novas formas de viver com os outros e conosco. Assim, é importante desenvolver solidariedade, paciência, consciência e positividade. É preciso olhar o mundo de forma mais tranquila para que ele fique mais tranquilo e melhor. 
5 – Considerações finais que gostaria de ressaltar:
*Resposta*: É importante estar rodeado de pessoas e de coisas que te façam bem.  Coma melhor, pratique atividades físicas, se proponha a fazer coisas diferentes do que estava acostumado a fazer. Seu cérebro deve se acostumar ao cenário de instabilidade e se acostumar a ficar bem. Caso isso não seja suficiente, é importante buscar ajuda psicoterápica e/ou psiquiátrica. Não precisamos sofrer sozinhos. Lembrando que ajuda profissional não é sinônimo de seguir influenciadores nas redes sociais ou buscar coaches profissionais. A psicoterapia vai proporcionar recuperação emocional e estar com a pessoa que precisa, no acompanhamento da sua recolocação na vida, de forma afirmativa e saudável.

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