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Psicóloga alerta para características e transtornos ocasionados por um relacionamento abusivo


às 21h04
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Na última segunda-feira, 08 de março, e ao longo desta semana, as atenções estão voltadas para as comemorações do Dia Internacional da Mulher. Apesar de todas as conquistas e avanços alcançados pelas mulheres, a data também tem que ser um momento para discutir as violências e abusos sofridos por elas. Lembrando que a violência não é somente física, ela pode ser verbal, simbólica, sexual e patrimonial.

Mesmo com inúmeras campanhas que alertam e incentivam a denúncia, os números de casos assustam. Antes da pandemia do Covid-19 chegavam a 1.23 milhão os casos de violência doméstica relatados, com o isolamento, houve um aumento do número de denúncias já no primeiro mês: 49% a mais, no disque 180, comparados ao mesmo período no ano de 2019.

Para a psicóloga e professora do curso de Psicologia da Faculdade São Luís de França, Marcela Montalvão Teti, o índice de denúncias aumentou, mas o que chama a atenção é que estes números não foram registrados pelas secretarias de segurança pública ou pelos órgãos oficiais. “Isso indica que as denúncias ocorrem, mas a quantidade de registros oficiais é infinitamente menor do que a realidade atesta. A partir disso, podemos dizer que existe uma pandemia dentro da pandemia”, alertou.

Acesso à informação

Falar sobre o assunto é uma arma importante nesse combate à violência e aos relacionamentos abusivos. As mulheres estão mais atentas aos sinais e segundo a psicóloga Marcela Teti, as mulheres vítimas de violência já chegam afirmando que são vítimas, mas alerta que apesar de identificarem o problema que vivem, ainda falta força para se desligarem do relacionamento abusivo.

“É muito bom que este tema seja abordado, pois as mulheres identificam que de fato vivem um relacionamento abusivo. A informação e esclarecimento são úteis, mas isso não implica defender direitos, pois negociar com o parceiro é o quê, de fato querem ou mesmo, interromper o ciclo da violência. Muitas mulheres têm consciência de que fazem parte de um relacionamento abusivo, mas aceitam as condições de vida, de violência, a fim de permanecer com o parceiro pelo qual estão apaixonadas.”

Essa dificuldade das vítimas abandonarem seus parceiros acontece porque elas acreditam que a mulher deve permanecer casada ou em união com o abusador, na saúde e na doença, que a relação é responsabilidade dela e que ela enquanto mulher precisa de um homem para ter uma vida adequada e reconhecida socialmente.

A culpa não é sua

A relação de submissão faz com que mulheres que estão inseridas em relacionamento abusivo, que sofrem com grosserias e agressões, pensem que são as responsáveis por isso. Se o companheiro as trata mal é porque fizeram algo de errado. Não existe um momento em que pensem que seu argumento é válido e que seu companheiro faltou com respeito para com pelas.

De acordo com a professora do curso de Psicologia, a mulher vítima de abuso, pode desenvolver os transtornos comuns às outras pessoas, tais como depressão e ansiedade, no entanto o conteúdo do problema, os comportamentos e as atitudes, podem ser diferenciados.

“A mulher que sofre abuso desenvolve baixa autoestima, tem medo de tomar iniciativas, se sente culpada por todos os problemas da relação, recebe punições se sai sozinha de casa, se tem amigas ou amigos com quem conversar, não veste as roupas que gostaria de vestir, não tem controle sobre suas finanças e muitas vezes sobre seu destino. Por estas características a mulher vítima pode ser uma pessoa triste, aparentemente frágil, com inclinações suicidas, mal humorada, com tendência a pensamentos negativos e comportamentos de autoboicote”, relatou.

Quer ajudar?

Para tentar ajudar essas mulheres que sabem que são vítimas e aquelas que ainda não reconhecem seus companheiros como agressores, o primeiro passo é a informação. É preciso falar mais sobre relacionamentos abusivos, mencionando suas características, seus efeitos e apresentando a mulher vítima de abuso que existem outras formas de vida, outras formas de relação em que ela pode se sentir feliz e realizada.

Também é possível fazer uma denúncia anônima, pelo número 180, em que é relatado o caso de abuso a fim de proteger uma mulher violentada, ou prestando queixa na Delegacia de Grupos Vulneráveis.

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