Quem passa muito tempo na internet já deve ter percebido que ela lança a todo instante novas modas, estilos de vida e padrões e, por isso, os usuários são impactados diretamente por tais arquétipos, posicionando-se de forma moldada pelos influenciadores digitais, o que faz com que eles passem mais tempo do que o necessário nas redes sociais, deixando de lado o mundo real.
De acordo com a professora e coordenadora de Psicologia da Faculdade São Luís de França, Marcela Montalvão, a Internet não é um meio produtor de comportamentos e condutas inapropriadas. É um meio de comunicação e transmissão de conhecimento e de interação social. O que implica dizer que os impactos negativos não seriam uma produção exclusiva do meio digital, mas sim do alcance que a internet traz.
“Se antes um fato era desconhecido em uma cidade ou país, é rapidamente conhecido, pela rapidez de troca de dados. Então, um grande impacto negativo é os adolescentes aprenderem coisas que não sejam necessariamente ensinadas pelos pais ou pela comunidade da qual faz parte. O que pode gerar conflito entre aqueles que criam as regras e aqueles que devem obedecer”, explica.
Em meio a tantos padrões impregnados de devaneios, nas redes sociais os jovens buscam mostrar o melhor que sabem fazer e expor uma vida sem problemas, esses hábitos fazem com que eles fiquem cada vez mais na internet buscando alcançar um padrão inalcançável esquecendo das outras obrigações, como escola, tarefas e obrigações. Nesse caso a família torna-se fundamental no momento de evitar esses impactos.
Marcela acredita que o ideal seria se a família pudesse dar mais atenção à criança e ao adolescente em casa. Pois segundo os estudos na área da aprendizagem e do desenvolvimento, mostra que eles trocam o que fazem ou pelo menos, se abrem às propostas da família, caso recebam atenção dos seus familiares, pois quando o adolescente faz algo diferente do que a família pede, é porque foi aceito por outro grupo social. E neste aspecto, a internet é muito boa.
“A diversidade de grupos e comunidades sociais estão presentes para inserir. Se o adolescente e a criança não são ouvidas ou aceitas em casa, se a família só quer impor, estabelecer regras rígidas sem reconhecer o esforço da criança ou do adolescente, certamente estes encontrarão reforço e validação das suas vontades, nos diversos ambientes virtuais disponíveis para eles”, orienta Marcela.
A psicóloga aconselha que é importante deixar claro para os filhos que as crianças ou adolescentes não são autoridades dentro de casa. Pais e mães são adultos, com experiência e sabedoria para orientar o desenvolvimento dos mais novos. Logo sua orientação é mais adequada que a vontade do adolescente e da criança. Em seguida, a família poderia negociar com a criança os limites. Esta ideia de impor limites ou regras não é útil.
“ A nossa geração de adolescentes e crianças é muito mais reflexiva e ativa do que a geração dos pais destas crianças, logo se o argumento da família não for lógico, não vai convencer”, conclui.