O isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus trouxe inúmeras questões que há muito tempo estavam latentes na sociedade, mas nunca tiveram a atenção merecida. Não é só no Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, ou no Janeiro Branco, dedicado à saúde mental, que a saúde mental e emocional pedem atenção. É preciso falar sobre isso o ano inteiro.
A Pandemia trouxe a certeza da imprevisibilidade. A professora e coordenadora do curso de psicologia da FSLF, Marcela Teti, explica como a Pandemia afetou a saúde mental das pessoas em longo prazo.
“O mundo não é previsível, a vida não é previsível. Por mais que nos organizemos, hoje sabemos que todo o plano pode ir por “água abaixo”. Não existem mais certezas absolutas. Existem pessoas que estão entrando em desespero com esta constatação.” Para ela, a segurança material, concreta, era sinônimo de segurança psicológica. Sentimento esse que se foi esvaindo durante todo o processo pandêmico ocorrido nos últimos anos.
Ainda segundo ela, existem aquelas pessoas negacionistas, que defendem que tudo é igual à antes. Estas não se adaptam à realidade e sofrem as consequências disso, experimentando a depressão e o delírio. No entanto, existem os que entenderam o recado da vida. As rotinas e hábitos que criamos são um suporte para a estabilidade emocional. Entenderam que o intempestivo faz parte da vida e lida com ele melhor quem se refaz depois da tempestade.
Apesar de a incerteza ser um dos maiores sentimentos presentes no dia a dia de qualquer um, as pessoas conseguiram desenvolver habilidades mais sensíveis devido a esse processo. “Hoje temos diversas habilidades graças ao desafio cognitivo e emocional trazido com a Pandemia. Também descobrimos a solidariedade, a compaixão, a parceria e o que é principal, a importância dos outros em nossas vidas. A Pandemia faz cair por terra a crença no individualismo. Só o terror de ficar sozinho dentro de casa, fez o mundo valorizar a beleza da amizade, da família, das parcerias.”, ressalta a professora.