O mês de setembro já é conhecido pela campanha de combate ao suicídio e pela reflexão e discussão sobre transtornos como ansiedade e depressão, que podem ser sintomas do suicídio. O Setembro Amarelo traz à tona assuntos importantes a serem discutidos, principalmente nesse momento pós pandêmico, onde o número de casos de pessoas que apresentam algum problema relacionado à saúde mental.
Entre os jovens esses números também aumentaram, de acordo com pesquisas, a depressão e a ansiedade na juventude dobraram em comparação aos níveis pré-pandêmicos. Ainda segundo pesquisas, um em cada 4 adolescentes em todo o mundo está experimentando sintomas de depressão clinicamente elevados, enquanto 1 em cada 5 jovens está experimentando sintomas de ansiedade clinicamente elevados.
Para falar a respeito do tema conversamos com o professor do curso de Psicologia da Faculdade São Luís de França, Jameson Thiago Farias Silva, que iniciou falando um pouco sobre a complexidade para identificar as causas que podem desencadear o quadro depressivo entre os jovens. “Somos não apenas mentes ou cérebros, mas sujeitos sociais, situados, que trabalham, amam, criam, e é nestas relações que as condições para o surgimento do comportamento depressivo devem ser buscadas – pensar as causas da depressão entre jovens, neste sentido, é pensar primeiro nas condições que tornam este sofrimento possível e o reforçam: o desamparo em relação a seu futuro, a precariedade do trabalho, vulnerabilidade social e, claro, a falta de investimento em políticas públicas que tratem seu bem-estar e a sua saúde como direito, e não como mercadoria”, relatou.
Sobre as redes sociais como forma de gatilho para esses transtornos, o professor esclarece que elas podem sim ser o “start” para essas doenças, mas explica como isso acontece. “A internet pode ser um gatilho, mas apenas no sentido de que reproduzem e tornam visíveis dinâmicas e opressões já presentes fora das redes sociais. Ainda que muito se fale em padrões de beleza inatingíveis ou níveis de produtividade ideais quando se toca no assunto “rede social”, é fácil perceber que estas não são pautas exclusivas do Instagram, do Facebook, do Linkedin etc. mas pautas concretas de trabalho e de relacionamento previamente existentes fora das redes, mas que nelas ganham um novo desenho e uma nova visibilidade”, destacou.
O professor também ressalta que há todo um conjunto de sintomas atrelados à depressão, como o humor deprimido ou perda de interesse ou prazer em atividades que eram anteriormente prazerosas. O corpo pode manifestar alterações de peso, na rotina do sono etc. Dificuldade de concentração também é comum num quadro depressivo. No entanto, a identificação dos sintomas deve ser feita exclusivamente por profissional médico ou psicólogo.
De acordo com Jameson Thiago, é por ter uma base tanto psicossocial quanto biológica que a intervenção no fenômeno depressivo consiste no tripé terapia-medicação-suporte. “É neste último, o suporte, que familiares e amigos podem ajudar, seja sugerindo uma consulta diagnóstica ao sujeito, seja levando em consideração o próprio caráter oscilante do tratamento e não desanimando com isso. A tempo: há de se considerar que, por vezes, as relações familiares e de amizade podem ser, elas mesmas, as condições propícias para o desenvolvimento da depressão”, finalizou.