Estão divulgados desde a última terça-feira, 27, os resultados das listas de espera do primeiro semestre de 2021 no SiSU (Sistema de Seleção Unificada) usado pelo Ministério da Educação (MEC) para selecionar estudantes em instituições públicas federais e estaduais de ensino superior por todo o país. Neste ano, houve uma novidade que gerou polêmica e muitas dúvidas: a mudança no sistema que define o limite de nota obtida pelos candidatos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
É com esse limite, chamado de “nota de corte”, que um candidato é classificado para disputar as vagas em cada curso escolhido. No último dia 11, o MEC desfez uma alteração implementada em 2020, que considerava, ao mesmo tempo, o cálculo das notas dos dois cursos escolhidos pelos estudantes durante a inscrição. Agora, apenas a primeira opção de curso passa a ser considerada, exatamente como valia no SiSU até 2019.
“No momento da inscrição, o candidato pode escolher duas opções de cursos/universidades que estão sendo ofertados naquela edição do SiSU. Durante os dias de inscrição, que normalmente dura uma semana, o candidato pode ficar acompanhando como estão as notas de cortes dos cursos e, inclusive, ficar alterando suas escolhas. Caso a pontuação do candidato seja suficiente para ele ficar pré-classificado na primeira opção, essa nota não é considerada para fins de cálculo de nota de corte na segunda opção”, explica José Alves da Cruz Júnior, coordenador da Comissão Permanente de Processos Seletivos (Compese) do Grupo Tiradentes.
Ao mudar a regra no ano passado, o MEC afirmou que tomou a medida “para demonstrar a integralidade das notas de todos os candidatos, independentemente da situação de classificação na primeira opção de curso”. No entanto, o modelo foi muito contestado e questionado oficialmente por parlamentares e entidades estudantis, que chegaram a mover uma representação no Ministério Público Federal (MPF), forçando o recuo do MEC. “O modelo foi criticado porque gerava uma falsa impressão de ‘dupla classificação’ ou ‘nota fantasma’, visto que os candidatos visualizavam uma pontuação de nota de corte que, na verdade, não era a verdadeira”, disse o coordenador.
Outra crítica, de acordo com Alves Júnior, é de que a mudança desfeita no SiSU “gerava uma falsa impressão de que as notas de cortes dos cursos estariam altas” e “atrapalhava a escolha dos candidatos no momento da inscrição”, uma vez que, “ao verificar uma nota de corte elevada, o candidato poderia decidir não escolher aquele curso para não perder sua opção”. Neste mês, ao anunciar o retorno ao modelo antigo, o MEC negou ter havido, em nenhum momento, qualquer erro ou desvirtuamento na divulgação das notas de corte, “já que ambas as formas de geração e apresentação desses dados estão em total acordo com as regras que regem os processos seletivos do Sisu, desde 2012”.
O SisU 2021/1 ofertou 209.190 vagas distribuídas em 5.685 cursos de graduação de faculdades e universidades públicas. O resultado do SiSU pode ser consultado no boletim do candidato, no site do SiSU, nas instituições participantes e na Central de Atendimento do MEC, pelo telefone 0800-61-61-61.
ProUni e Fies: nada muda
A ida-e-vinda na nota de corte do SiSU não causa nenhuma interferência no Programa Universidade para Todos (Prouni), nem no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Ambos são usados para ingresso em instituições privadas de ensino superior e têm processos seletivos específicos e independentes, sem qualquer relação com o SiSU.
O candidato inscrito no SiSU também pode concorrer ao ProUni, desde que atenda aos critérios do programa, que também usa a nota do Enem como critério para seleção dos candidatos. Se o aluno for selecionado nos dois programas, ele terá que optar pela bolsa do Prouni ou pela vaga do SiSU , pois é proibido ao estudante utilizar uma bolsa do programa e estar matriculado em uma instituição de educação superior pública e gratuita.
Asscom | Grupo Tiradentes
com informações do MEC e do G1